Francisco GOYA de Lucientes criou uma série de águas forte
(modalidade de gravura em metal) entre 1815 e 1820 a que nominou Os Disparates ou As Loucuras Anunciadas.
A da imagem aqui apresentada chama-se O Disparate da Besta e, conforme legenda escrita pelo artista, trata-se de Outras Leis para o Povo. No canto esquerdo aparecem juízes que apresentam uma escritura para um elefante. Um deles faz o anúncio com sinos. Goya, sempre crítico do poder absolutista decadente que governava a Espanha, faz alusão ao ato do rei Fernando VII que, em 1814 revogou a Constituição de Cádiz ( de 1812), uma das únicas constituições democráticas do mundo, precedida apenas pela da Córsega, dos Estados Unidos e da França. O elefante aparece numa espécie de picadeiro iluminado, enorme, exótico, poderoso, curioso porém inofensivo. O grupo de juízes aparece amontoado, um tanto acovardado, e mantém uma distância segura da besta, protegendo-se atrás das novas leis.
Obras primas não morrem.
Obras primas são sempre contemporâneas.
Obras primas não tem fronteiras e falam dos homens de todos os lugares.
Por isso mesmo são obras primas.
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