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Pollock foi buscar no xamanismo dos índios norteamericanos um fio condutor para sua busca pessoal através da arte, que surgia agora mais como um prolongamento exterior da interioridade do artista. Num primeiro momento, seus quadros semifigurativos ainda procuram ilustrar vivências rituais xamânicas: o sacrifício, a fusão homem animal ( a fusão de um xamã em um animal totêmico é uma das suas condições para sua viagem no invisível), o nascimento, o êxtase, a morte , o renascimento, produzindo uma arte de essência espiritual, fruto de um pensamento penetrado por simbolismos, plena de sacralidade e sensualidade.
Nos últimos dez anos de sua vida, Pollock dedica-se ao que se convencionou chamar de "dripping" , onde ele parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela, deixando certa margem para o acaso que atua como um sentido de liberdade em relação às leis da lógica. Nesta fase de sua obra, não "ilustra" mais através das imagens a "viagem" xamânica; agora , por intermédio da pintura de ação, é a própria vivência ritualística que está ali representada. Sua pintura é resultante de uma gestualidade corporal que o mantém numa condição de excitação constante, quase um lúcido delírio: o êxtase xamânico. É a única pintura que não toca a tela e na qual o artista funciona como um intermediário entre sua própria natureza e a obra, produzindo marcas com o auxílio do acaso e do rítmo de seus gestos.
De Outubro do ano passado a fevereiro deste ano, Pinacothèque de Paris expôs "POLLOCK ET LE CHAMANNISME", reunindo obras deste período e alguns objetos rituais.
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