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A exposição "Vanitas, de Caravaggio a Damien Hirst" está acontecendo em Paris, de 3 de fevereiro a 28 de junho, no Musée Maillol.
Aqui, alguns trechos sobre as aulas que vou dar esta semana nos meus cursos.
As VANITAS não tiveram sempre o mesmo significado. Os artistas de antigamente insistiam em sobre o caráter efêmero da vida; os criadores atuais denunciam o absurdo do nosso mundo
Os antigos associavam o crânio da morte ao estóico ‘Memento mori’ (lembra-te que vais morrer), a outra face do ‘Carpe Diem’ (aproveite o dia), dos epicuristas.
Os orientais (China, Japão) eram mais moderados na expressão da impermanência das coisas do mundo. Primavam pelo tema mas de maneira mais alusiva. Somente o Ocidente cristão enaltece tanto a imagem da morte pútrida e ossuda.
No fim da Idade Média, as Danças Macabras refletiam o flagelo dos tempos - as guerras, a peste negra – sempre assegurando seu veredito igualitário: humildes ou poderosos, todos são iguais perante à morte.(...)
Ao redor do crânio, pintado a partir do século XVI com um realismo objetivo e anatômico, os pintores holandeses arranjavam alguns objetos em composições austeras. É que, à medida que as imensas riquezas chegavam ao porto de Amsterdam, estes objetos iam se espalhando pelos interiores burgueses. Pintados nos quadros, simbolizavam a impermanência, remetendo-se à simbologia do passar do tempo (ampulhetas, clepsidras, relógios), da fugacidade da juventude (flores e frutos), da brevidade da existência humana (velas acesas, taças cheias pela metade ou emborcadas), da fragilidade (vidros intatos ou rachados, bolhas de sabão), do caráter ilusório do mundo (os reflexos nos vidros e nos espelhos, as bolas de cristal, os utensílos de ouro ou prata.), da precariedade do poder (cetros,coroas,mitras), da riqueza (prata, objetos de luxo), do prazer (jogos, instrumentos musicais, cachimbos e tabaco, alimentos) todos ilusões, que a morte torna absolutamente vãos.
O saber, as ciências e as artes, simbolizadas pelos livros e os utensílios da profissão, também não escapam ao grande tribunal da VANITAS.(...)
Andy Warhol não resistiu ao tema e tornou a morte pop e multicolorida. Mas o genial Hirst, com a obra "The Love for God, Laugh!,de 2002, um crânio cravejado de diamantes, é quem representa melhor o nosso ambíguo tempo. Essa morte espetacular e faiscante, que nos oferece uma gargalhada bem
humorada e sarcástica, vencedora e provocante, torna-se a mais completa tradução da nossa cínica Vanitas contemporânea.
Olá! gostaria de saber quais as fontes de bibliográficas desse texto, pois estou escrevendo minha dissertação sobre este tema, e seria muito útil ter mais informação. Obrigada!
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