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Foi no Metropolitan de Nova York. Eu estava sozinha, feliz da vida que os amigos tinham resolvido fazer compras em China Town e eu podia, enfim, ficar horas no museu, sem ter que explicar nada pra ninguém, somente escrevendo no meu diário. Reproduzo aqui uma das páginas:“Quando me virei, estava lá: uma tela do Kandinsky, das primeiras abstratas, “The Garden of Love”. Na mesma sala , já tinha apreciado o lindíssimo “Dois Irmãos” do Picasso, em tons de um rosado velho , um “Nú” fantasticamente sanguíneo do Modigliani e um Matisse celestial. Mas , diante do Kandinsky, tudo mudou: fui passando, lentamente, de uma percepção exterior para um entendimento interior profundo, um giro quase imperceptível de consciência, mudando meu centro de gravidade em direção ao espiritual, à compreensão da Beleza em sua essência, o silêncio primordial no meio do ciclone, onde reina a mais absoluta das pazes. 'The GArden of Love - Improvisation n. 27' era o próprio 'O Amor que move o Sol e as outras Estrelas', de que fala Dante na 'Divina Comédia' , equalizando ritmos . É nesse universo que eu me reconheço habitante. Este quadro me mostra meus rastros , minha trilha, e me ilumina onde quer que eu esteja com um brilho de mil sóis, faz boiar na minha boca um sorriso arcaico, arrasta caravanas tilintantes e rubras pelas dobras das rugas da minha testa, e acelera em slow motion as patas do tigre ancestral adormecido atrás do meu coração. "
AnaCrisNadruz
Ei, gatona, seja bem vinda à blogosfera! =)
ResponderExcluirCris, tudo que vc faz é sempre com paixão... sou apaixonada tb, mas, minha ignorância é grande...
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