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sábado, 17 de abril de 2010

Jornal do Brasil - Cultura - Anna Maria Maiolino: É só barro – e também arte


Jornal do Brasil - Cultura - Anna Maria Maiolino: É só barro – e também arte

Anna Maria Maiolino: É só barro – e também arte

André Duchiade, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - A nova obra da artista Anna Maria Maiolino pode ser definida de uma maneira bastante simples, apesar de ter relações com temas sofisticados. Trata-se de uma grande instalação com 3 mil quilos de argila modelada em um salão. Lá a matéria, que não passa pelo forno, desidrata, petrifica e depois vem a ser reciclada. A argila aparentemente segue padrões como blocos, cilindros e espirais. Há uma desigualdade inevitável entre as peças por terem sido geradas por pulsões diferentes. Apesar disso, a artista é prosaica ao falar sobre o próprio trabalho, que desde o início do mês está em exposição no Camden Arts Centre, em Londres.

– Para Anna, na verdade, é argila modelada. Não tenho nenhuma representação. Quero a presença da entropia, do trabalho realizado – conta a artista, referindo-se a si mesma na terceira pessoa.

Suporte muda, a força não

Nascida na Itália em 1942 mas vivendo no Brasil desde 1960, Anna é considerada pela crítica uma das maiores artistas brasileiras vivas. Já trabalhou com suportes variados como pintura, desenho, gravura e vídeo, mas desde o final da década de 1980 dedica-se principalmente à argila. Além da exposição Continuous, em Londres, prepara-se para uma grande retrospectiva (em outubro) na Fundação Antoni Tàpies em Barcelona, onde também já expuseram Lygia Clark e Hélio Oiticica. Além da nova instalação, a mostra em Londres reúne uma série de filmes produzidos ao longo de mais de 30 anos, de In-out, antropofagia, seu primeiro super-8, a Quaquaraquaqua, de 2005. De acordo com Anna, embora os suportes variem, a força que move as obras é a mesma.

– No nível da estética (uma palavra que ficou velha, prefiro o termo “poética”), as preocupações nascem de certos enfoques no seu interior, certas motivações psíquicas e subjetivas iguais. Um poema fala de maneira diferente de um vídeo. Quando se utiliza diferentes mídias, o discurso se alarga e fica mais rico.

A artista começou seus estudos formais de arte na Venezuela, para onde os pais imigraram antes de tentar a vida no Brasil. Desde 1958 expôs regularmente no país, e quando se mudou para o Rio seguiu aulas de pintura e xilogravura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Nos anos seguintes participou de salões no Brasil e na Venezuela, ganhando prêmios e uma exposição individual em Caracas.

Em 1965, aproximou-se dos questionamentos do movimento conhecido como Nova Objetividade e assumiu como temas dominantes a condição feminina, o cotidiano e a política. São desse período obras com A espera, O herói e Glu-Glu-Glu, xilogravura que mostra um homem fazendo um banquete sobre uma privada.

– Era um momento muito bonito e especial, as utopias estavam no ar apesar dos militares – diz. – A política entra em questão quando me afeta. Meu trabalho não era sobre a ditadura, era sobre a vida.

Em 1968, naturalizou-se brasileira e mudou-se para Nova York com o marido, o artista Rubens Gerchman. Na cidade teve contato com artistas latino-americanos com propostas experimentais de linguagem e abandonou a representação. Voltou ao Brasil em 1972, onde vive desde então, primeiro no Rio e atualmente em São Paulo.

– Considero-me brasileira pela minha formação. Herdei toda a minha mensagem dos artistas mais pungentes e vivos da arte brasileira.

Sua produção a partir da década de 1970 se caracteriza pela diversidade de suportes, primeiro poesia e desenho, depois as mais variadas formas. A instalação Entrevidas, de 1981, consiste num espaço com o piso ocupado com 70 dúzias de ovos naturais de galinha, por onde os visitantes caminham como se estivessem num campo minado. A instalação foi propositalmente concebida num momento particular da vida política do país, da abertura democrática. A argila veio há cerca de 20 anos.

– Eu fazia então muitos desenhos com água, mas quis fechar um ciclo. Quando você vai para uma coisa tão imaterial como desenho com água, é preciso colocar os pés no chão. A argila é terra, o máximo da materialidade – explica.

A busca pela diferença e repetição no trabalho da artista tornou-se consciente em 1993, quando realizou Um, nenhum e cem mil, no Centro Cultural Banco do Brasil, exposição a respeito da identidade inspirada pelo livro de Pirandello. Engana-se quem pensa que a busca pelo tema foi algum filósofo francês:

– Só li Diferença e Repetição (considerada obra maior de Gilles Deleuze, de 1968) em 1997. Era como se eu visse meu pai na mesa, tivesse ilustrado o pensamento dele. Mas cheguei lá através da argila. Quando se está em contato com a matéria, ela ativa seu pensamento, faz com que se busque caminhos materiais. O pensamento acompanha.

17:54 - 17/04/2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Leiteira de Vermeer


Esse é o "meu" quadro. Se pedissem pra escolher qual pintura deveria sobreviver a uma hecatombe, eu escolheria esta, sem hesitar.Porque me transmite, no sentido supremo, a idéia de humanidade. De ser humano cuidando de seu trabalho com uma concentração quase religiosa, cuidando de produzir os alimentos mais sagrados (pão e leite) para si e para outros, uma vez que, pelos trajes, ela é uma criada. E a cesta à esquerda lembra que é preciso guardar. A lâmpada dourada ao lado dela, simboliza a luz interna, já que a luz divina, na sua forma solar, entra pela janela iluminando quase que misticamente a cena. No chão, o moedor do trigo, o simbolo do trabalho.E aquele silêncio próprio das obras do Vermeer que envolve tudo numa sacralidade atemporal.
Nem vou falar das cores...esse amarelo mostarda e o azul anil.
Sabe-se pouco sobre sua vida. Era protestante e converteu-se ao catolicismo para casar-se, aos 20 anos, com Catharina. Tiveram 11 filhos, dos quais 8 eram mulheres. As moças que aparece em suas obras eram, muito provavelmente, suas filhas, mesmo a moça do brinco de pérola. O romance com o mesmo nome que deu origem ao filme, é pura ficção. Moravam na casa da mãe de Catharina, onde o chão nem era de mármore como ele costuma representar em suas obras.Vermeer morreu aos 42 anos de um colapso, nas palavras de sua mulher. Escreveu ela que ele passou de saudável a morto em um dia. Os 11 filhos e as dívidas que se avolumavam, contribuiram definitivamente.Ficou esquecido durante aproximadamente 200 anos. Sua obra prima "A Arte de Pintar" foi vendida como sendo de outro pintor, seu rival de Hoock. Só em fins do século XIX seu valor foi resgatado.

Filmes que estou me lembrando agora

  • "Melancolia"( Lars von Trier)
  • "O Jardineiro Fiel" ( Fernando Meireles), "Apocalypsis Now" ( Coppola), "Amarcord" (Fellini)," Cidade de Deus" ( Fernando Meireles), "Lavoura Arcaica" (Luis Fernando Carvalho),"A Noite dos Desesperados" ( Sidney Pollack),"Excalibur"( John Borman), "Jules et Jim" ( François Truffaut), "Roma" ( Fellini),"Blow Up"(Antonioni),"Salam Cinema!"(Makhmalbaf),"Babel" (Alejandro Iñarritu),"Diários de Motocicleta" ( Walter Moreira Sales)
  • "Volver"(Almodóvar), "Hable con Ella" (Almodovar), "Carne Trêmula"(Almodóvar), "Ata-me' (Almodóvar), "Todo Sobre mi Madre"(Almodóvar), "Barcelona" ( Woody Allen), "Match Point" (Woody Allen), "Manhattan" (Woody Allen)
  • Les Misérables 2019 (Ladj Ly) , Bacurau (Kleber Mendonça Filho) , Parasita (Bong Joon-ho), Coringa (Todd Phillips)
  • Onegin (Martha Fiennes)

Livros que estou me lembrando agora

  • " A Prosa do Observatório" ( Julio Cortazar), "Passeio ao Farol" ( Virginia Woolf), "Budapest" ( Chico Buarque),"Hamlet" ( Shakespeare),"O Segredo da Flor do Ouro"(Jung),"A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen"(Eugen Herrigel), "I Ching o livro das mutações"(tradução de Richard Wilhelm),"Bhagavad Ghita"(tradução de Ramananda Prashad),"As Mil e Uma Noites'( tradução de Mamede Moustapha Jarouche),"História da Arte Italiana 1,2,3"(Giulio Carlo Argan),"Carnaval no Fogo" (Ruy Castro),"De Todos os Fogos o Fogo" (Julio Cortazar), "El Libro de los Seres Imaginarios"( Jorge Luis Borges),"Cartas a Theo' ( Vincent Van Gogh), "Noa Noa "(Paul Gauguin),"O Paraiso na Outra Esquina" ( Mario Vargas Llosa), " A Invenção da Liberdade"( Satarobinsky)
  • "Evangelho Segundo Jesus Cristo"( Saramago), "Ensaio sobre a Cegueira"(Saramago), O "Leite Derramado" (Chico Buarque), "As Núpcias de Cadmo e Harmonia" (Roberto Calasso)," Mulheres, Militância e Memória"( Elizabeth X. Ferreira), "Logações Perigosas" ( Chauderlos de La Clos),"Drácula"( Bram Stocker),"Do Espiritual na Arte" ( Wassily Kandisnky)