Total de visualizações de página

segunda-feira, 29 de março de 2010

Exposição "C'est la vie! Vanités, de Caravage à Damien Hirst"



A exposição "Vanitas, de Caravaggio a Damien Hirst" está acontecendo em Paris, de 3 de fevereiro a 28 de junho, no Musée Maillol.
Aqui, alguns trechos sobre as aulas que vou dar esta semana nos meus cursos.
As VANITAS não tiveram sempre o mesmo significado. Os artistas de antigamente insistiam em sobre o caráter efêmero da vida; os criadores atuais denunciam o absurdo do nosso mundo
As figuras mais representativas da VANITAS são o crânio e o esqueleto. Elas atravessaram os séculos em milhares de imagens., dos mosaicos romanos do século I, aos diamantes de Hirst.
A exposição do Maillol dá destaque a dois momentos da História da Arte: a arte barroca ( idade de ouro da VANITAS) e a arte contemporânea, quando parece que este grande tema clássico retorna com força.
Os antigos associavam o crânio da morte ao estóico ‘Memento mori’ (lembra-te que vais morrer), a outra face do ‘Carpe Diem’ (aproveite o dia), dos epicuristas.
Os orientais (China, Japão) eram mais moderados na expressão da impermanência das coisas do mundo. Primavam pelo tema mas de maneira mais alusiva. Somente o Ocidente cristão enaltece tanto a imagem da morte pútrida e ossuda.
No fim da Idade Média, as Danças Macabras refletiam o flagelo dos tempos - as guerras, a peste negra – sempre assegurando seu veredito igualitário: humildes ou poderosos, todos são iguais perante à morte.(...)
Ao redor do crânio, pintado a partir do século XVI com um realismo objetivo e anatômico, os pintores holandeses arranjavam alguns objetos em composições austeras. É que, à medida que as imensas riquezas chegavam ao porto de Amsterdam, estes objetos iam se espalhando pelos interiores burgueses. Pintados nos quadros, simbolizavam a impermanência, remetendo-se à simbologia do passar do tempo (ampulhetas, clepsidras, relógios), da fugacidade da juventude (flores e frutos), da brevidade da existência humana (velas acesas, taças cheias pela metade ou emborcadas), da fragilidade (vidros intatos ou rachados, bolhas de sabão), do caráter ilusório do mundo (os reflexos nos vidros e nos espelhos, as bolas de cristal, os utensílos de ouro ou prata.), da precariedade do poder (cetros,coroas,mitras), da riqueza (prata, objetos de luxo), do prazer (jogos, instrumentos musicais, cachimbos e tabaco, alimentos) todos ilusões, que a morte torna absolutamente vãos.
O saber, as ciências e as artes, simbolizadas pelos livros e os utensílios da profissão, também não escapam ao grande tribunal da VANITAS.(...)
Andy Warhol não resistiu ao tema e tornou a morte pop e multicolorida. Mas o genial Hirst, com a obra "The Love for God, Laugh!,de 2002, um crânio cravejado de diamantes, é quem representa melhor o nosso ambíguo tempo. Essa morte espetacular e faiscante, que nos oferece uma gargalhada bem
humorada e sarcástica, vencedora e provocante, torna-se a mais completa tradução da nossa cínica Vanitas contemporânea.

Um comentário:

  1. Olá! gostaria de saber quais as fontes de bibliográficas desse texto, pois estou escrevendo minha dissertação sobre este tema, e seria muito útil ter mais informação. Obrigada!

    ResponderExcluir

Filmes que estou me lembrando agora

  • "Melancolia"( Lars von Trier)
  • "O Jardineiro Fiel" ( Fernando Meireles), "Apocalypsis Now" ( Coppola), "Amarcord" (Fellini)," Cidade de Deus" ( Fernando Meireles), "Lavoura Arcaica" (Luis Fernando Carvalho),"A Noite dos Desesperados" ( Sidney Pollack),"Excalibur"( John Borman), "Jules et Jim" ( François Truffaut), "Roma" ( Fellini),"Blow Up"(Antonioni),"Salam Cinema!"(Makhmalbaf),"Babel" (Alejandro Iñarritu),"Diários de Motocicleta" ( Walter Moreira Sales)
  • "Volver"(Almodóvar), "Hable con Ella" (Almodovar), "Carne Trêmula"(Almodóvar), "Ata-me' (Almodóvar), "Todo Sobre mi Madre"(Almodóvar), "Barcelona" ( Woody Allen), "Match Point" (Woody Allen), "Manhattan" (Woody Allen)
  • Les Misérables 2019 (Ladj Ly) , Bacurau (Kleber Mendonça Filho) , Parasita (Bong Joon-ho), Coringa (Todd Phillips)
  • Onegin (Martha Fiennes)

Livros que estou me lembrando agora

  • " A Prosa do Observatório" ( Julio Cortazar), "Passeio ao Farol" ( Virginia Woolf), "Budapest" ( Chico Buarque),"Hamlet" ( Shakespeare),"O Segredo da Flor do Ouro"(Jung),"A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen"(Eugen Herrigel), "I Ching o livro das mutações"(tradução de Richard Wilhelm),"Bhagavad Ghita"(tradução de Ramananda Prashad),"As Mil e Uma Noites'( tradução de Mamede Moustapha Jarouche),"História da Arte Italiana 1,2,3"(Giulio Carlo Argan),"Carnaval no Fogo" (Ruy Castro),"De Todos os Fogos o Fogo" (Julio Cortazar), "El Libro de los Seres Imaginarios"( Jorge Luis Borges),"Cartas a Theo' ( Vincent Van Gogh), "Noa Noa "(Paul Gauguin),"O Paraiso na Outra Esquina" ( Mario Vargas Llosa), " A Invenção da Liberdade"( Satarobinsky)
  • "Evangelho Segundo Jesus Cristo"( Saramago), "Ensaio sobre a Cegueira"(Saramago), O "Leite Derramado" (Chico Buarque), "As Núpcias de Cadmo e Harmonia" (Roberto Calasso)," Mulheres, Militância e Memória"( Elizabeth X. Ferreira), "Logações Perigosas" ( Chauderlos de La Clos),"Drácula"( Bram Stocker),"Do Espiritual na Arte" ( Wassily Kandisnky)